sábado, 13 de junho de 2009

A Escolha de Manoela



A música alta quase que ensurdecedora trazia uma margem de prazer. As luzes que giravam m por toda a parte do ambiente, mudando de cores a todo instante. Os olhos ora roxo ora brancos, traduziam o espírito do lugar.
Pessoas vindo e voltando. Girando e pulando. Umas sozinhas e outras em grupos. Aquele ambiente fechado.
Seguranças caminhando com seus ternos pretos olhando em direção aos grupos, espalhavam o sensor da procura do algo errado.
O cheiro de cigarro misturava-se ao do álcool. A rede de prostituição espalha sexo e doenças. As drogas são passadas de mão em mão. Enquanto os pais estão deitados em suas camas em baixo dos cobertores,os traficantes estão abraçando os seus filhos.
Quase crianças pulando sem direção e sem olhar definido. As mãos para o alto apontando para os canhões de luzes que espalham adrenalina junto com o chão que treme a cada batida. O suor das pessoas que passam não incomodam quando permanecem na madrugada nesse ambiente rico de desejo e sensualidade.
O poder de sentir-se superior. De ter a sensação de poder com tudo, faz com que as pessoas percam o medo.
E o medo é o regulador da dor. Da perda. Da morte.
As boates e as raves são os pontos de encontro. A prostituição, a droga e a vontade de se libertar levam milhões de jovens a um mundo sem volta. Gravidez indesejada, doenças incuráveis, vícios e acidentes por culpa do álcool e de outras coisas mais.
Foi assim que Álvaro Neto conheceu Manoela, não em um lugar desses mas sim em um enfermaria, de um hospital universitário. Mas especificamente : Setor de Doenças Infecto Contagiosas.
Manoela recebeu do pai um belo carro de presente por ter passado no vestibular. Aos dezenove estava com carro nas mãos e passe livre nas boates. Viciada em cocaína desde os quinze anos não perdia uma noitada.
A noite começava quente. Cerveja, cocaína e ecxtase. Conhecia sempre lindos rapazes perfeitos. Manteve relações com vários pelas noites a fora. Não mantinha a clareza do que estava acontecendo mas seus sentidos afloravam-se a cada toque, a cada olhar a cada gosto.
Ninguém tem a nítida noção do que é isso tudo que você está lendo. Loucura? Talvez sim, de se importar com quem agride o seu próprio ser colocando-se de ponta cabeça ao abismo.
Preservativo custa menos de 2 reais. Agora o tratamento que ela está passando. A dor que está sofrendo e a certeza que o HIV não tem cura.
Onde estão as luzes? Onde está a música? Manoela está internada há dois meses. Álvaro presenciou suas últimas horas de lucidez.
Certa noite a ambulância chegava no hospital levando aquele corpo. Manoela fez a escolha de mutilar seus sentidos. Manoela entregara-se a morte!
Manoela morreu aos vinte anos. Vítimas de complicações de uma infecção no pulmão.
A sociedade prepara o crime, mas é o ser humano que comete. As pessoas deveriam ajudar as outras. Mas muitas vezes parece que elas estão ali para prejudicar. Atrapalhar.
Manoela morreu pelo crime de sua estupidez. Manoela poderia estar ai lendo a sua história. Cuidado com suas escolhas!