sábado, 28 de março de 2009

O passe Livre













Os três carros pretos com a faixa dourada passavam pela estrada da Fróes. A alta velocidade, os vidros escuros fechados e os faróis acessos, davam o ar da ação.
A incursão da polícia federal tinha um objetivo: a prisão do médico Fábio Reis., no bairro Charitas, em Niterói.
Por escutas telefônicas e denúncias, a inteligência da polícia descobriu que Fábio emitia laudos falsos. Nesses laudos, seus falsos pacientes, eram declarados portadores de deficiência mental, hipertensão ou outras patologias.
A entrada do apartamento estava cercada. Os três carros pretos estavam em frente à saída da garagem.
Ao sair com seu Corolla vermelho, foi interceptado na porta do prédio.
__ Por favor, Sr. Fábio Reis Cunha..saia do carro.__ dizia um agente com seus óculos escuros e uma espingarda calibre 12 na mão.
O médico saiu do carro sem esboçar nenhuma reação. Sua filha no banco de trás olhava tudo sem entender.
__ O que está acontecendo_ perguntava Fábio.
__ O senhor está sendo acusado de uma fraude envolvendo passes livres. O senhor está preso.

Colocando tudo em seu lugar,
Para entender...
O médico Fábio Reis emitia laudos falsos para várias pessoas que não podiam, com a lei, ter passe livre aos coletivos. Essa gratuidade é dada às pessoas com necessidades realmente comprovadas.
Várias pessoas estão sendo investigadas. O grande passo à descoberta foi que uma funcionária da clínica que o médico trabalhava, esqueceu um envelope com seus documentos e mais o laudo.
Uma pessoa da limpeza entregou ao chefe imediato da funcionária. Em menos de 24h uma denúncia chegou à polícia, e com autorização da justiça, escutas telefônicas foram instaladas em todos os telefones com acesso do médico.
Outras pessoas estão sendo investigadas, mas o que mais incomoda é saber que as pessoas sujam o nome por até uma miséria por dia.
Você teria coragem de sujar o seu nome por uma passagem de ónibus? Muitas pessoas que estão sendo investigadas, responderam que nunca sujariam o nome por um passe livre.
Mais uma escolha errada.

Só dói quando eu rio

sábado, 21 de março de 2009

Só dói quando eu rio







Primeira semana do quadro :
Só dói quando eu rio












PAMÉ











O Colírio Milagroso



ANTÔNIO Mãozinha. Este era o nome do clínico de plantão no único pronto socorro do pequeno município do interior do estado do Rio de Janeiro. O município pouco falado, mas o clínico, todos no lugar já conheciam. Ele tinha uma mão com um problema devido a um acidente de carro. Ficou com a mão presa na janela na hora que o carro capotou várias vezes. Estava bêbado.
O seu trabalho era questionado por várias pessoas. fumava no horário de atendimento e muitas vezes foi trabalhar bêbado.Só atendia pacientes graves depois da meia noite, não queria saber de dor de cabeça, e sempre saia do plantão:
__ Abastecer o fígado, doutor, abastecer o fígado__ disse um morador ao delegado, quando
foi dar queixa de Antônio.
__Mas o que mais o senhor tem a falar desse médico?__ disse o delegado!
O homem sem muito pensar começou a contar a história.

horas antes
***
O homem entrava no posto, com a filha sentindo fortes dores no abdome. Chorava de dor.
__ Por favor ..quem é o médico que está atendendo?
__ Doutor Antônio..__ disse o recepcionista.
__ o Mãozinha???
O recepcionista sem jeito de concordar com o apelido, disse com um sorriso no canto da boca
__ É o senhor Antônio sim.
__ Ai Jesus, logo esse traste desse médico__ o homem passou a mão na cabeça e pensou " uma dor de barriga ele deve saber no mínimo como curar".
Entrou pelo pronto socorro com a filha e esperou no corredor. Não tinha ninguém na sua frente.
Mas o médico não chamava. Esperou por quinze minutos.
__ O próximo__ veio a voz do médico de dentro do consultório.

***
__ Entrei doutor, e estava aquele homem branco como uma vela.. em pé no final do consultório terminando de apagar o cigarro. Aquela mãozinha estranha.
__ MAs como foi o atendimento?
__ Eu entrei no consultório e..
***
__ Boa tarde doutor mãozinha!
__ ANtõnio.,..senhor..Antônio_ disse o médico já com uma voz alterada__ o que o senhor ta sentindo?
__ eu nada..minha filha que está com forte dor na barriga.
O médico analisou. Olhou nos olhos. Pediu para abrir a boca. Soltar a língua pra fora da
boca. pediu que falasse trinta e três. Olhos as pernas.
Começou a escrever e passou um remédio.
__ Enfermeira__ gritou o médico!

***
__seu delegado, eu tive vontade de quebrar a cara desse médico..
__ Mas por que meu senhor?
__ deixa eu contar..ai a Enfermeira chegou e...

***

__ Vamos lá Kely..o doutor passou um colírio pra você!
No mesmo instante o pai gritou.
__ Colírio?? Pros olhos??? ela esta com dor na barriga e o senhor passa um colírio??
O homem pegou a filha e foi pra casa dizendo:
__ em casa sua mãe faz um chá das ervas da tua avó e você fica de repouso.
A técnica com a ficha na mão olhou para o médico sem saber o que dizer.
__ Eu vi o olho dela tão vermelho que achei melhor passar um colírio__ disse voltando para sua cadeira.
Voltou a acender o seu cigarro__ o próximo!

sábado, 14 de março de 2009

O Tiro De 22


Paulo esperava por sua amiga de infância Júlia. Há tempos pensavam em fazer uma viagem juntos pelo litoral do Brasil.Essa amizade dava inveja a quem quer que fosse.
Cresceram ouvindo legião urbana, U2 e curtiram seus tempos de funk, forró e até o bambolê. Arriscaram nos cigarros e experimentaram o álcool e a maconha juntos.
Participaram de movimentos desde a escola até na universidade. Júlia era mais inteligente do que Paulo. Mas os dois tinham uma relação tão próxima que muitos achavam que os dois tinham que ficar juntos. Casar. Mas a relação era somente de amizade. Somente não.
Era amizade, que é o sentimento mais importante que deve haver entre duas pessoas.
Júlia vinha com seu vestido branco longo. Seu sapato alto aumentando ainda mais seu tamanho. Seus cabelos castanhos eram
empurrados pelo vento manso que aquela noite produzia. Seu perfume roubava o aroma de todos que mantinham aquele ambiente. Seus olhos fixos
em Paulo levantavam o seu corpo e uniam-se em um abraço forte.
Os dois sentaram. Conversaram por um longo tempo. Colocaram os papos em dia. Outro amigo de Paulo deixou uma bolsa com um
22 calibre curto. Era de um primo que ele deveria entregar.
__ Alô__ o telefone de Júlia tocou__ pode falar__ sua voz doce agora era dividida com a outra pessoa do outro lado do telefone
Enquanto Júlia atendia o telefone, Paulo começou a olhar o 22. Suas mãos passaram no por seu corpo escuro e deixou o dedo
no gatilho enferrujado. Por um período menor que um piscar de olhos, um deslize fez o dedo indicador escorregar no gatilho e um estouro
seco ouviu-se naquela tranquila noite.
Paulo olhou pro lado meio ainda com um sorriso pelo susto, quando viu Júlia caindo no chão. O único tiro do deslize atingiu a têmpora de Júlia arremessando o celular longe e seu corpo aos pés de Paulo.
O sangue vermelho vivo vinha em direção à Paulo. Seus olhos quase que dobraram de tamanho. Sua imensa reação de desespero foi
tornando-se um sequência de reações indescritíveis.
As pessoas que estavam ao redor correram para tentar ajudar Júlia, mas em vão não conseguiam nem um último suspiro. Morte
instantânea. Quando todos ouviram os cliques secos do 22.
__ Nenhuma bala....nenhuma bala.__ dizia ele com o 22 encostado em sua cabeça.
Os gritos de horror de Paulo contracenavam com as tentativas inúteis de acabar com sua vida. O 22 só tinha uma bala,
e as tentativas de suicídio de Paulo com o cano do 22 encostado na sua cabeça eram inúteis.
Qual o sentimento de Paulo? O que dizer disso tudo?