tag:blogger.com,1999:blog-67214092996934190712024-03-14T01:48:55.283-07:00Um Pedido De SocorroUM PEDIDO DE SOCORRO TRAZ HISTÓRIAS DAS GRANDES EMERGÊNCIAS E RESGATES, COISAS QUE VOCÊ SEMPRE QUIS SABER E NUNCA PÔDE. COM ALTERAÇÕES DE NOMES E DATAS, O BLOG TRARÁ A TONA A REALIDADE QUE EXISTE E ATÉ HOJE É DESCONHECIDA.TEM COMO ÁLVARO NETO NA PELE DO PERSONAGEM PRINCIPAL, NESSE INFERNO CHAMADO EMERGÊNCIA.Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.comBlogger43125tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-75997985559285665902010-02-01T13:20:00.000-08:002010-02-01T13:28:15.773-08:00As dores da Profissão<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/S2dHF5gHeEI/AAAAAAAAAJA/v5sXmvGYDm4/s1600-h/BrunoB+36+As+dores+da+profiss%C3%A3o.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 210px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/S2dHF5gHeEI/AAAAAAAAAJA/v5sXmvGYDm4/s320/BrunoB+36+As+dores+da+profiss%C3%A3o.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5433389642106239042" /></a><br /><br /><br /><br /> Espera-se sempre força, coragem e posição de um humano vinte e quatro horas por dia. Inviolável a posição de “homem oco” ou super herói frente a tudo que acontece.<br />Espera-se uma pessoa intransponível apesar de ver sangue caindo aos seus pés. Vendo outro ser humano em pedaços, pedindo ajuda, estendendo a mão, sentindo dor, tremendo por febre e caminhando-se à morte.<br />Quem cuida de quem cuida? Muitos terminam com problemas graves de coração por viverem situações desumanas em hospitais para tratamentos de câncer, problemas sérios de coluna e outras só conseguem dormir com ajuda de comprimidos fortes.<br />Passa tempo em tempo alguém fala.<br /> `` Fulano sofreu um avc”<br /> “ Ciclano passou mal e infartou”<br /> Normal até o ponto de imaginarmos que são seres humanos vestidos de branco, azul, verde ou seja qual lá for o uniforme de trabalho, mas contando que pessoas que vivem essa rotina extenuante, prestes a surtar tendo que manter a calma, o equilíbrio, a sensatez e o humor frente a episódios trágicos e desconcertantes. Quem são essas pessoas? O que pensam? O que sentem?<br /> Certa vez soube-se da história de um profissional de saúde que se jogou da janela do seu prédio. O estresse chegou ao extremo da pessoa não suportar mais viver.<br /> Em meados de junho do ano dois mil e quatro, Marina caminhava em direção à casa de sua mãe. Com cabeça baixa, cansada de um plantão puxado, pensava em não pensar em seu último plantão. <br /> Rasgada por dentro, sem ânimo procurava abrigo em sua mãe. Cuidava de uma mesma paciente a mais ou menos sete meses. Era do setor de internação feminina. O diagnóstico: Câncer uterino com metástase óssea.<br /> Dizem que é um dos piores. Câncer no osso é muito dolorido.<br /> Marina mantinha em sua mente a voz, o olhar e o toque de sua paciente. Todos aprendem a serem indiferentes com a vida pessoal dos pacientes. <br /> “Tratar bem, ouvir, dedicar-se, mas não apegar-se. Viver aquele momento no trabalho e nunca levá-lo para casa.”<br /> Marina trazia junto de si aquela paciente. Aquele corpo reduzido. Magro. Apático. Tomado por aquela doença que extravasa o corpo e invade a mente. Soberana entre as mortes. Mata lentamente e seu tratamento deixa parcamente as chances de sobrevida. Isola. Maltrata e não era diferente com essa paciente.<br /> Marina deixou cair uma lágrima. Escutava ainda a fala da paciente caminhar em sua mente. Vieram outras lágrimas. Mantiveram-se em um choro incontrolável. Não chorava pela perda. Mas pelas constantes perdas. Impotência. Perda do poder de cura ou de levá-la à cura.<br /> Marina chegou a casa e abraçou sua mãe. Não falou nada mas disse muita coisa. Sua mãe já lhe conhecia. Vivia as dores que Marina vivia.<br /> Quem paga isso? Onde está o lucro de viver em uma profissão que luta contra um inimigo imortal, que não perde. Que não se abate?<br /> Marina é mais uma entre tantos outros. Marina sorri por fora e chora por dentro. Marina ver a morte na vida. <br /> Chega a noite e a cartela com a tarja preta é aberta. Um copo desce o comprimido. Agora sim podemos dormir.Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-10603742143976231772010-02-01T13:14:00.000-08:002010-02-01T13:17:38.786-08:00Só Dói Quando Rio<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/S2dE5BPWo8I/AAAAAAAAAI4/HzWfYyi1yQM/s1600-h/BrunoB+37+S%C3%B3+doi.....jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 223px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/S2dE5BPWo8I/AAAAAAAAAI4/HzWfYyi1yQM/s320/BrunoB+37+S%C3%B3+doi.....jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5433387221821858754" /></a>Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-38646468721440375552010-01-17T07:04:00.000-08:002010-01-17T07:12:51.369-08:00O Encontro<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/S1Mn9UKudHI/AAAAAAAAAIo/loNpQm7AIFM/s1600-h/BrunoB34.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 296px; height: 288px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/S1Mn9UKudHI/AAAAAAAAAIo/loNpQm7AIFM/s320/BrunoB34.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5427725910250779762" /></a><br /><br /><br />__ SA 04<br />A voz metálica e sombria penetrava no escuro do alojamento masculino. O apito do rádio ecoava nos ouvidos de Álvaro Neto e de Silas. Álvaro e Silas já trabalhavam juntos fazia algum tempo. Silas era condutor e trabalhava em resgates há vários anos. Álvaro era recém chegado à turma.<br />Era difícil encontrar o rádio no meio do cobertor, lençol, macacão quase no meio da cintura.<br />__ Na escuta.<br />A equipe começava a colocar o macacão, passavam a mão pelo rosto. Tentavam ainda se encontrar.<br />__ Três da manhã__ disse Álvaro Neto.<br />Silas pegava o número do evento com o endereço. O rádio seria passado para a médica para saber do tipo do evento junto com o médico regulador.<br />A equipe posta na ambulância. Sirene ligada, Portão aberto. <br />A ambulância solta o giroscópio ao ar livre depois do portão do hospital que abrigava a equipe da SA 04. Os três cobertos de sono, mergulhando naquela noite. A lagoa com a árvore de natal exposta aos olhos dos iluminados da madrugada. Álvaro Neto não conhecia esse lado da cidade grande. A madrugada era a continuidade do dia. Impressionantemente, tudo continuava a funcionar.E o que mais impressionava era a profissão sexual. <br />__ Olha quanta puta!__disse Álvaro Neto.<br />Silas e a médica Mônica riram.<br />__ Puta? São éguas da pata quebrada.<br />__ Égua?<br />__ Homem com roupa de mulher..viados..travestis<br />Todos riram, com isso a equipe deu uma acordada. Álvaro Neto ainda fez uma piada.<br />__ Sei não... eu pego uma égua dessa hein!!<br />Chegaram no endereço. Rua Almirante Guilhem ,Leblon. O prédio antigo de esquina com uma pizzaria que mantinha uma grande freguesia, mesmo na madrugada. O porteiro esperava a equipe.<br />__ Apartamento trezentos e dois, não é?<br />Mônica acenou com a cabeça confirmando. Segurava duas mochilas. Álvaro Neto vinha logo atrás com mais uma mochila e o oxigênio. O monitor era carregado pelo Silas.<br />__Só que o elevador não esta funcionando__ disse o porteiro apontando o indicador para a placa colada na porta do elevador.<br />__Escada mesmo__ disse Álvaro Neto já correndo para o corredor que dava para a escada.<br />Chegando no primeiro degrau da escada que era em curva, estavam descendo duas pessoas. O homem de capuz cerrado ao rosto, de cor preta, abraçava uma mulher aparentemente com sessenta anos. O rosto dela ressurgiu com um semblante triste, pelo feixe de luz que vinha de uma janela. Um ar frio tomou conta do corpo de Álvaro Neto, que mac consegui se mexer, deixando uma das mochilas cair.<br />Mônica que vinha atrás, virou o corpo dando passagem ao casal que passavam, agora, ambos de cabeças baixas.<br />Continuaram a subir. Três andares. O peso do material, o cansaço do dia inteiro de trabalho e uma série de problemas faziam Álvaro neto perder as forças. Uma série de situações desagradáveis que mais tarde o tirariam dessa correria.<br />O apartamento estava com a porta aberta. Em cima os números.<br /> <br /> 302<br />Uma senhora chorava na sala. Orava bem baixo com as mãos quase que enroladas no rosto. Na mesa uma série de caixas de remédios, documentos e uma roupa na cadeira da sala. <br />__ Boa noite__ disse a médica.<br />A mulher olhou para a equipe que entrava pela sala, com os olhos vermelhos devido ao choro, levantou-se e caminhou até o telefone da sala.<br />__ Ela se foi__ dizia a senhora__ ela tinha um tumor de fígado e vinha fazendo tratamento com quimioterapia há uns dois anos.<br />__ Onde ela está? Precisamos constatar o óbito__ disse Mônica.<br />A senhora apontou para o quarto que ficava ao fundo do corredor.<br />Uma luz forte vinha daquele corredor. Os três caminharam-se pelo corredor em direção ao quarto.Já conseguiam ver os coágulos pelo chão do quarto. A perna já aprecia e o corpo era desnudo pelo ângulo dos corpos dos três pelo envergadura da porta do quarto. <br />A mulher de aproximadamente uns sessenta anos, coberta de sangue. A cama era de casal e uma série de bolsas estavam pelo quarto. Uma Bíblia aberta e com um traço de sangue em seu interior.<br />_- Vôo sangue por todo o lado aqui+__ Disse Silas.<br />Álvaro Neto voltou seu corpo ao corpo sem vida daquela senhora. Passou por trás de Mônica e foi em direção ao rosto do corpo. Abaixou ,sem luva, e mirou seu olhar para o corpo. Em um lance de segundos, deu um salto para trás e um berro.<br />__ Porra!<br />Silas e Mônica assustados não entendiam o que tinha acontecido. A mulher ali parada. Sem nenhuma alteração muscular e nenhuma posição de movimentos. Álvaro branco como o algodão, tentando ainda se levantar.<br />__ É.. é..__ele tentava dizer algo. Tremia, uma lágrima descia de seu olho.__ caraca..é a mulher que descia a escada quando a gente subiu.<br />Os três se olharam, e em um ato rápido e em conjunto, tiraram o cobertor de seu corpo.<br />__ caralho_ disse Mônica._é a mesma roupa!Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-73723304545667470032010-01-17T07:02:00.000-08:002010-01-17T07:04:24.614-08:00Só Dói Quando Rio<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/S1Mm7FUiPPI/AAAAAAAAAIg/51Gy3qGpLBw/s1600-h/BrunoB35.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 189px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/S1Mm7FUiPPI/AAAAAAAAAIg/51Gy3qGpLBw/s320/BrunoB35.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5427724772394024178" /></a>Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-74449688483987885922009-12-31T03:45:00.000-08:002009-12-31T03:47:10.844-08:00FELIZ 2010O ANO DE 2009 FOI MARAVILHOSO..BLOG NO AR, MAIS DE 12 MIL PESSOAS ACOMPANHANDO AS ESTÓRIAS DE HUMOR, AVENTURA, DRAMA, SUSPENSE E ENTRE OUTRAS. oBRIGADO A TODOS!!<br />ESTAREMOS DE FÉRIAS..VOLTAREMOS EM BREVE. ABSBruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-49735006540751784922009-12-28T03:04:00.001-08:002009-12-28T03:09:53.128-08:00A Enfermaria da favela<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SziQ6RXMo8I/AAAAAAAAAIY/WPoEJg6BcoU/s1600-h/BrunoB30.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SziQ6RXMo8I/AAAAAAAAAIY/WPoEJg6BcoU/s320/BrunoB30.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5420241482307904450" /></a><br /><br />A ambulância procurava a rua Sete, da avenida Belmonte. A equipe mostrava-se cansada. Exausta depois de um dia cheio. Repleto de saídas. Não almoçaram e por fim, estavam às três da manhã andando pelas ruelas daquela comunidade.<br />__ Meu querido__ disse o motorista da viatura SA 04 baixando o vidro e dirigindo-se a um senhor parado em um ponto de ónibus._ o senhor sabe me informar onde fica a rua Sete?<br />O homem de aproximadamente cinquenta anos, carregava uma mochila preta nas costas. Estava saindo de casa para o trabalho. Carregado pelo sono, passou a mão pelo rosto em sinal visível do cansaço.<br />__ Rua Sete?<br />__ Isso..<br />__ Olha__ apontava ele para frente__ não tenho muita certeza mas acho que fica depois daquela praça, na rua ao lado daquela banca de jornal.<br />A ambulância dirigia-se bem lentamente. Parou em frente à rua. O condutor estava com seu rascunho em uma das mãos. Procurando pelos pontos de referências para encontrar o local.<br />Geralmente, quando as ambulâncias são solicitadas, fica sempre alguém da família ou vizinho perto do local para indicar a localização correta. Dessa vez não.<br />Ruas pequenas com carros parados pelos dois lados. Uma grande subida. Casas pequenas. De repente essa pequena rua transformou a visão de casas pequenas em um pequeno mundo, fechado por aquelas curvas aos olhos do mundo.<br />__ Favela__ disse Álvaro Neto chegando mais perto da cabine do motorista__ fudeu!<br />Aos poucos a ambulância penetrava pela rua Sete. Começaram a perceber a movimentação lenta de vultos. Três da manhã um carro piscando dentro da favela é provocante ao dedo que segura o gatilho.<br />Um volto passou do lado da janela da médica. Aquele corpo usando um capuz vermelho deixou sua cabeça entrar dentro do veículo pela janela.<br />__ Qual é?__ disse o homem segurado um rádio comunicador em uma mão e uma pistola prateada em outra.<br />A médica mostrou o rascunho com o endereço da chamada e o nome do solicitante.<br />__ Abre atrás ai cumpade__ disse o rapaz virando o corpo e caminhando em direção a porta traseira da ambulância.<br />Nessa hora, a equipe queria mais sair daquele local. Não lembrava mais o quadro do paciente. Se estava grave. Quem estava precisando de socorro era a equipe. <br />__ O que tem nessas mochilas ai?<br />__ Medicamento, seringas e materiais__ disse Álvaro Neto segurando as mochilas e mostrando para o rapaz.<br />Ele virou o corpo e com o rádio comunicou-se com outra pessoa.<br />__ Eles tem aqui um material....sei....sei...ta tranquilo irmão...sei..to esperando aqui..fechado__ disse o marginal com a outra pessoa do rádio, voltou-se a Álvaro Neto__ Agora abre todas as mochilas que vamos fazer umas compras.<br />Desceu de uma viela, um homem aparentemente de trinta e cinco anos. Portando calça jeans e blusão social branco. Não portava nenhuma arma. Caminhava tranquilo segurando um cigarro em uma das mãos.<br />__ Peguem todas as gazes, estamos sem.... a bala de oxigênio também__ ele apontava para dentro da ambulância e as pessoas retiravam tudo. A médica não saiu do ambulância. O condutor e Álvaro Neto estavam em pé atrás da viatura.<br />__ Passa o celular__ disse um menor que carregava um 765. O fuzil era quase do tamanho daquela criança.<br />__ Calma ai o Bacuri__ disse outro homem com barba rala pelo rosto que carregava uma espingarda calibre 12 com uma das mãos , deixando-a escorregar pelas costas__ não estamos aqui pra esculachar os doutor não, porra. __ apertando a cabeça dela com a outra mão completou__ segue seu rumo.<br />O outro homem já tinha passado toda a ordem. Colocaram todo o material em uma chevete com preta. Subiu o restante da favela sumindo na curva a frente. O homem puxou um n95 do bolso e discou uma seqüência.<br />__ Fala prego..tudo bem...olha só..segura ai a hidrocortisona, oxigênio e atadura..ah e também gaze__ jogou o cigarro no chão e pisou com seu sapato preto__ tivemos uma visita aqui em casa. Pode comprar o restante e paga logo esse muquirana. <br />O condutor estava encostado na parte traseira do veículo. Álvaro Neto arrumava o que tinha restado dentro do veículo. Um dos homens fechou a parte traseira e terminou a conversa.<br />__ Podem voltar..ou se quiserem, terminar o serviço.<br />A ambulância retornou para a base. Uma semana depois deste acontecimento, foi descoberto uma enfermaria do tráfico com até aparelho de ventilação mecânica, usado em pacientes graves para auxiliar na respiração.<br />Álvaro Neto estava cansado disso tudo. Tudo se encaminhava para um dia ele parar com aquilo tudo. Vinha calado no caminho de volta.<br />__ O que foi que você tanto pensa? __disse a médica<br />__ Quanto será que ganham esses caras ..aposto que ganham mais que a gente para trabalhar atendendo bandido nessa enfermaria.<br />Uma risada contida pelo condutor. Uma mão da médica na cabeça de Álvaro Neto. E só. Estavam tensos demais para descolorir aquele momento de relaxamento depois desse quase atendimento.Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-86935997934643728392009-12-28T03:03:00.000-08:002009-12-28T03:04:30.420-08:00Só Dói Quando Rio<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SziQs_X-VtI/AAAAAAAAAIQ/SjU2aBeFuZ4/s1600-h/BrunoB+S%C3%B3+doi....jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 211px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SziQs_X-VtI/AAAAAAAAAIQ/SjU2aBeFuZ4/s320/BrunoB+S%C3%B3+doi....jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5420241254141023954" /></a>Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-26755131155915171042009-12-28T02:59:00.000-08:002009-12-28T03:03:19.603-08:002009Esse ano foi muito especial para nós do blog. Colocamos em prática um projeto de mostrar um pouco dos fatos, para muitos ocultos, que acontecem nos resgates, nas emergências e com as pessoas das emergências. Que 2010 seja um ano repleto de satisfações, felicidades, amor, paz e que a saúde seja tratada de forma mais honesta, verdadeira e quem esteja na gestão possa usar de caráter quando for articular os projetos e planos de atenção à população. <br />Força Sempre!<br />O melhor de Deus ainda está por vir!Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-89731696766870056732009-12-19T07:09:00.000-08:002009-12-19T07:11:33.797-08:00As Meninas Do Careca<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SyztHzuJndI/AAAAAAAAAII/iX6BMOhSalk/s1600-h/BrunoB32.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 200px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SyztHzuJndI/AAAAAAAAAII/iX6BMOhSalk/s320/BrunoB32.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5416965170218507730" /></a><br /> <br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /> O tom de chamada ecoava no ouvido de Álvaro Neto. Depois do término com Cíntia, sua namorada, ele tinha voltado ao mundo dos negócios amorosos, podemos dizer assim.<br /> De certo modo, as companhias exercem uma forte influencia nos atos das pessoas. Justamente em momentos de indecisão ou quando as pessoas estão fragilidades por perdas ou tomadas por sentimentos de egocentrismo.<br /> __Alô__ dizia a voz roca do outro lado da linha.<br /> __ Opa..é o careca__ dizia Neto tapando a boca pelos corredores do hospital__ aqui quem ta falando é um colega do doutor Sérgio.<br /> __Sérgio?__ indagava a voz <br /> __ O médico da emergência do Municipal__ respondia Neto<br /> uma pausa de pouco mais de três segundos e a voz já retomava com outros ares.<br /> __ Puta que paril...Serginho??? Caralho como esse filho da puta ta?? Tem tempos que ele não me encomenda nada!<br /> __ Po eu disse pra ele que tava afim de um docinho...é docinho né?<br /> __ Isso mermo <br /> __E hoje eu estava afim de algo desse tipo..tem como separar ai pra mim?<br /> __ Lógico..só pegar o endereço que mais tarde vai ter algo de qualidade pra você aqui<br /> A encomenda de uma noite feliz foi feita. Agora Álvaro Neto tinha duas missões: a primeira era conseguir alguém para fazer o seu plantão de noite e a outra era conseguir companhia.<br /> Com dois telefonemas o primeiro problema já tinha sido solucionado. O segundo parecia bem mais complicado. Arrumar alguém que queira ir comigo.<br /> Álvaro Neto falou com um. Ligou para outro.<br /> __ Pó to sem grana__ dizia um<br /> __ To sendo marcado demais em casa...ta complicado__ disse outro.<br /> Marcos. Esse topa tudo. Guerreiro da noite, apesar de casado não possuía na alma o espírito aventureiro. Preferia a adrenalina ao sossego da casa.<br /> __ To dentro, mas tem uma festa de confraternização lá do outro hospital para eu ir__ disse Marcos por telefone a Neto.<br /> __ Po cara..vamos hoje..já acertei tudo com o careca. E eu sei que você sabe o endereço.<br /> __ Fechado..às 20h nos vamos.<br /> Tudo combinado. Falta explicar o que fariam. Careca era o maior agenciador de garotas de programa daquele município. Trazia meninas do Espírito Santo que buscavam um lugar para ficar enquanto estudavam ou algumas conseguiam juntar uma grana para abrir um negócio em sua cidade natal ou pagar dívidas.<br /> Seguindo às riscas todas as orientações de Marcos, Neto esperava-o no posto de gasolina. Marcos chegou atrasado uns vinte minutos.<br /> __Cara, vou te levar antes em um lugar show de bola..muito melhor que o do careca.<br /> __ Mas dizem que as do carecas são as melhores.<br /> __ Porra nenhuma;..mas faz o seguinte.. te levo nesse e depois na do careca..ai você escolhe. Depois vou na confraternização la do hospital..você quer ir comigo não??<br /> __Não..não..quero pagar..<br /> __ Lá vai conseguir de graça hein..<br /> __ Fora de problema!<br /> Riram e foram, cada um em seu carro. Marcos em seu monza classic ano 94. Azul. Um emblema de fábrica dizia : COPA DO MUNDO.<br /> Chegaram em um local distante. Uma rua de terra levava a uma casa grande. Bem iluminada de frente com um amplo espaço para estacionamento. <br /> __ Bom noite senhores__ dizia o homem de terno na porta. Foi ali que Álvaro Neto chegou a conclusão que o nome zona foi pessimamente colocado. Deveria ser ordem, porque de zona aquilo ali não tinha nada. <br /> Uma pulseira com um código de barra foi colocado nas suas pulseiras. A cada consumação, um laser era passado pelo código. As portas dos quartos só eram abertas pelos códigos das pulseiras.<br /> Uma linda loira aproximou-se, e com uma voz com nítido sotaque capixaba trouxe as honras da casa.<br /> __ Conhecem a casa, senhores?<br /> Os três trocaram alguns minutos de conversa. Na verdade Neto queria ir para onde o Sérgio tinha falado que era padrão.<br /> O careca só traz a elite<br /> A voz de Sérgio perdurava na mente. Mas Marcos virou-se e disse:<br /> __ Vamos em outro lugar!<br /> “Vamos em outro lugar”, era isso que Neto queria ouvir. Seguiu Marcos e foram para o tão esperado encontro com os doces do careca.<br /> Pegaram a rua da praia e seguiram para um restaurante de luxo em umas das esquinas da orla. Pararam o carro um atrás do outro.<br /> __Curte a noite__ disse Marcos completando com um tapinha nas costas de Neto__ as meninas aqui são super gente boa.<br /> Neto ao entrar no local estranhou. Um local bem diferente . Poderia até ter trago sua mãe, enganando-se por causa do lugar. Várias mesas, com som ambiente. A iluminação clara, conseguindo-se ver os rostos de todos os presentes. Em algumas mesas uns casais em conversas, taças de vinho. Garçons pela casa circulando com pratos e espetos de churrasco. <br /> A mesa na qual Marcos dirigia-se, era longa contando com cerca de umas quinze mulheres e alguns homens. No canto esquerdo de quem chegava estava lá o careca. Com seu jeito largado cercado por duas meninas.<br /> __Alo gente esse aqui é meu amigo Álvaro.__Marcos apresentava Neto a todos presentes. <br /> Marcos foi falar individualmente com cada uma das moças e com os rapazes presentes.” Isso seria uma pré suruba” , pensava Álvaro Neto. <br /> __Você não vai falar com a gente não gato__ dizia uma morena bem no fundo da mesa a Álvaro Neto.<br /> Pensou duas vezes. Estava me graça. Na verdade ele tinha achado a elite muito fraca. Meninas para se dizer a verdade feias. Mas já estava no inferno, então sentaria no colo.<br /> Passou de uma a uma. Com beijos, suspiros nos cangotes. Era observado o tempo todo por Marcos que parecia fazer-lhe algum tipo de sinal. Não estava entendendo. Tinha que escolher uma daquelas meninas do careca. Chegou do lado do careca, apertou a mão do careca e levou a boca até o ouvido dele e sussurrou:<br /> __ Já escolheu o docinho pra mim?<br /> No mesmo instante o senhor de aproximadamente uns sessenta e cinco anos, deu um sorriso de canto de boca e deu com os ombros.<br /> De repente algo estranho. Viu uma criança no meio de um casal. <br /> “ Pedofilia, desse jeito” Sentiu-se mal. Apertou algo na garganta. “ Quem é essa gente que traz uma criança para esse lugar. Um outro casal com as mãos dadas e ambos com anel de casados. <br /> “Muito estranho,...estranho demais”. Seu olhar percorria o local. Na mesa, vários guardanapos com o dizer ADEGA DA PRAIA. Seu olhar continuava a girar pelo local. Escutava um burburinho das pessoas na mesa. Apertou, sussurrou, e em uma até passou a língua no pescoço em um beijo mais demorado. <br /> Marcos puxou Neto pelos braços e levou até o banheiro.<br /> __Ta maluco Brother..fumou maconha estragada?<br /> __ Que foi porra..to aproveitando..<br /> __ Mas são modos isso que você ta fazendo??<br /> __ Fazendo o que porra???Estranho é uma criança nesse lugar!<br /> __ Que lugar..<br /> __ Essa zona aqui!<br /> Imediatamente Marcos colocou a mão na cabeça e rodou o corpo.<br /> __ Esse lugar é um restaurante. Essas pessoas são a galera lá do outro hospital. Aquela mulher que você sussurrou no ouvido é minha chefe. Aquele senhor que você também sussurrou é o capelão. Aquela menina tem 6 anos e é filha da minha chefe. <br /> No mesmo instante Neto parecia passar um filme na cabeça. O ridículo que ele fez-se passar, o trouxe em um mundo a parte. Sua mente girava dentro dele.<br /> __ Fui__ disse correndo entregando a comanda ao garçom na saída. Ainda teve que pagar o rodízio.<br /> Chegando no estacionamento. Percebeu que seu carro tinha sido roubado.<br /> Saldo negativo da noite: duzentos reais do plantão, sessenta reais do rodízio, 10 reais do flanelinha, e duas horas esperando o seguro levá-lo embora para casa.Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-74875268127519910612009-12-19T06:17:00.000-08:002009-12-19T06:26:53.608-08:00Só Dói Quando Rio<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SyzhypWpqyI/AAAAAAAAAIA/4BBnh9_xcFk/s1600-h/BrunoB33+S%C3%B3+doi....jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 227px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SyzhypWpqyI/AAAAAAAAAIA/4BBnh9_xcFk/s320/BrunoB33+S%C3%B3+doi....jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5416952712030432034" /></a>Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-18503604774550219152009-12-13T10:59:00.001-08:002009-12-13T11:03:13.071-08:00A morena Encantadora<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SyU5wmP6F7I/AAAAAAAAAHw/FId2kqmIeDg/s1600-h/BrunoB28.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 248px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SyU5wmP6F7I/AAAAAAAAAHw/FId2kqmIeDg/s320/BrunoB28.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5414797634046662578" /></a><br /><br />Álvaro Neto alcança o corredor principal daquele monstro. Com Nove andares, porém com uma estrutura de gigante, aquele hospital de Niterói abrigaria uma maravilhosa sensação para Álvaro Neto. <br />O hospital vazio, por ser feriado, trazia setores sem ninguém. As copeiras com os carrinhos pelos corredores, O sol que espiava pela janela e começava a entrar pelo lado esquerdo do prédio, que dava com a concessionária. <br />Álvaro Neto começava o plantão já cansado. A vida de plantonista de ser ping e pong cansa por demais. Preferia a vida de um único emprego com certas limitações financeiras a essa correria e o gasto impensado do dinheiro que entrava. Porém estava no ciclo vicioso. <br />Quinze minutos de atraso vem pelo corredor a morena jambo de cabelos escuros longos, olhar penetrante, lábios carnudos. Uma roupa branca dignamente branca, colada, mostrando a todos as valorosas curvas daquele ser chamado Paola. A técnica de Enfermagem Paola.<br />__ Bom dia__ dizia a morena deixando perceber sua língua com um mili segundos em que Álvaro Neto parou no tempo. Já tinha visto aquele ser antes.<br />Álvaro Neto tinha que depositar até o meio-dia o valor para participar da avaliação que teria. Um trabalho fantástico a bordo de um navio que sairia do Rio e passaria por ilha grande, ilha bella e voltaria ao Rio.<br />Aquela morena estava no banco. Todos do banco não conseguiam parar de olhar para ela. Naquele dia sim com mais tonalidade na roupa, deixando ver seus ombro com uma blusa que todos tentavam tirá-la com o olhar. A tiracolo, um rapaz branco de aproximadamente um metro e sessenta e alguma coisa.<br />Os dois abraçados na fila do banco. Ele com um ar despreocupado, lançando aos demais presentes a certeza que aquela linda morena era fiel. Faltando apenas a plaquinha” pertence a..”<br />Hoje sim ela estava lá, livre. Exuberante para a gama de fãs que estaria em contato hoje. Seu setor era a pediatria, estava ali por força do destino. Uma ligação no meio da noite a intimou.<br />__ Paola..você me deve um favor. Faça para mim.<br />__ Faço.Nossa como você é, hein!<br />O destino uniu Álvaro e Paola ali naquele dia, nem que fosse apenas por um plantão.<br />Este sim decorreu em uma tranqulidade absurda. Marasmo total, sem nenhuma intercorrência. As duas outras técnicas do plantão e mais antigas. Estavam descansando em um outro setor. Um acordo entre equipe proporciona esses tipos de benefícios. Muitas vezes exagerados e outras absurdamente exagerados. Enfim, estavam lá os dois a sós. <br />__ Você mora onde?<br />__ Barreto e você?__ Disse Paola<br />__ Fonseca!<br />OS dois já estavam perto demais. Conversavam bem baixo para não incomodar ninguém. Vendo de longe, parecia até que os dois já estavam mal intencionados. A conversa evoluía de uma maneira assustadora, até chegar no assunto ideal.<br />__ Meu noivo esta deixando muito a desejar.<br />__ Como assim?__ disse Álvaro Neto, sabendo que quando alguém fala desse jeito do companheiro para outra pessoa, algo já esta mal encaminhado.<br />__ Ele me deixa em casa para ver futebol.<br />__ Chii<br />__ Me deixou esperando mais de duas horas esses dias ai, porque estava esperando um amigo chegar para marcar algo que nem me lembro mais de tão importante que era.<br />Álvaro Neto lançava um veneno após o outro. Ora uma mão no rosto, ora uma mão no cabelo que esticava até o pescoço. De tão perto que já estavam, Álvaro Neto esticou um pouco o pescoço e deu um beijo em Paola.<br />__ Vem aqui__chamou- a!<br />Levou para o quarto de descanso da equipe. Lembrou que as duas outras pessoas estavam longe dali. A maioria dos pacientes estavam vendo um jogo pela televisão e poucos incomodariam qualquer ação dos dois.<br />__ Loucura isso!!__ disse Paola com um sorriso doce.<br />Álvaro possui aquele corpo antes de outro ali em seu ambiente de trabalho. O cansaço deu lugar ao ânimo. A medida que uma peça de roupa saia, seu coração mais sangue injetava.<br />Não pensou em supervisão ou em um paciente chegar. O impulso dominava aqueles corpos. Ela também esqueceu de tudo. Baixou o sutiã e deu de presente seus seios ao deleite dos lábios de Álvaro Neto.<br />__ Perfeitos__ pensa em todo o momento __ ela é toda perfeita.<br />Com certeza Álvaro Neto estava certo.Ela era perfeita. Um jogo de perna incrível, um rosto delicado e ao mesmo tempo provocante. Não tinha como negar. Entregues ali ao prazer atingiram ao clímax, entre sussurros naquele gigante.<br />Tempos depois, rolava uma nota pelos corredores de tudo que tinha acontecido. Ninguém prova e ninguém desaprova. Na verdade, todos queriam estar ali, sentindo a adrenalina correr pelo corpo e dando lugar ao prazer monstruoso..<br />Nunca mais se viram. Dizem até hoje que Paola ainda está com seu noivo. Dizem até hoje que ela lembra-se daquele quarto de descanso.<br />Ainda hoje aquele quarto deve dar arrepios.Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-5196769817227522322009-12-13T10:53:00.000-08:002009-12-13T10:59:31.320-08:00Só Dói Quando Rio<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SyU5LrA7AVI/AAAAAAAAAHo/V99RdxELJnc/s1600-h/BrunoB29.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 249px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SyU5LrA7AVI/AAAAAAAAAHo/V99RdxELJnc/s320/BrunoB29.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5414796999670825298" /></a>Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-29029890685450722102009-12-06T04:39:00.001-08:002009-12-06T04:44:46.609-08:00Neves<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SxumeUUC6xI/AAAAAAAAAHg/t6AYql9ZJpw/s1600-h/BrunoB26.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 202px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SxumeUUC6xI/AAAAAAAAAHg/t6AYql9ZJpw/s320/BrunoB26.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5412102416994855698" /></a><br /> <br /><br /> Era certamente um dia perfeito. O mar com ondas fortes e a água com aquela sua cor característica. Deitava-se na areia, com seu corpo bronzeado , seu jogo de biquíni amarelo com listras azuis e sua cicatriz em seu joelho direito, Daniela Abreu.<br />Aparentava ter vinte e poucos anos, pelo seu formado corpo e seu jeito de mulher, mas ainda possuía dezoito anos. Apenas dezoito anos.<br />Seu pensamento no vigor da vida, pelo esforço de manter-se viva. Com a morte do pai, que já faz quatro anos, passou a ter uma responsabilidade grande dentro de casa, pois sua mãe, atordoada pelo excesso de trabalho, mal tinha tempo de cuidar do outro filho mais novo. Secar cabelo, cortar unha, ir em reunião de escola e ouvir as perguntas do pequeno Danilo, ficavam ao cargo da Daniela.<br />Apesar dos dezoito anos, Daniela tinha experiências de mulheres com mais idade. Aos quinze sofrerá um grave acidente que rompeu um dos tendões do seu joelho direito. Permanecerá na cama por alguns meses. <br />Depois da morte do pai, sua mãe conhecerá um outro homem que passou a viver na sua casa. Daniela mudará seu modo de agir. Passou a ser mais calada. Chorava quando dormia e quando acordava. A mãe sempre dizia as amigas.<br />__ Saudades do pai.<br />Daniela sentia sim saudades do pai, mas a falta do respeito do pai. O seu padrasto abusou sexualmente de Daniela por um período. Até que um dia sua mãe chega mais cedo em casa do que o habitual. <br />__ Meu Deus!<br />Encontra seu namorado estendido no chão da sala. Com o prato de comida espalhado pelo seu tapete e o copo ainda agarrado na sua mão.<br />__ Infarto agudo do miocárdio__ foi o que estava escrito na certidão de óbito.<br />__ Ele era cardíaco e tomava um monte de remédio__ dizia a mãe de Daniela para suas amigas no enterro<br />Daniela chorou no enterro. Foi uma comoção entre os amigos da família com mais essa tragédia. Daniela tinha saído a pouco tempo de casa. <br />__ Melhor assim. Eu que encontrei e não as crianças.<br />Tempos entraram e Daniela conheceu Neves.<br />__ Quem?__ o leitor pergunta.<br />__ Cocaína__ dizia o médico na emergência__ a quantidade foi grande e ela teve sorte de não ter tido algo pior.<br />Sua mãe ergueu a mão e passou em sua cabeça. Retiraram o soro que estava pendurando pelo seu braço esquerdo. Foi caminhando de volta para casa com auxílio daquela mãe. Que perdera o marido e o namorado. Se bem que esse último, sem ela saber, abusava sexualmente de sua filha.<br />Daniela ficou vítima das drogas. Abusava de si mesma agora. Não mais necessitava culpar ninguém pela tristeza que nutria seu olhar. Agora era com ela mesma.<br />__ Não tenho dinheiro__ dizia sua mãe__ você tem que se tratar Daniela.<br />Sua obsessão pela cocaína estava ultrapassando os limites. Até seu corpo voltou a ser usado para a compulsão.<br />Daniela queria a morte. Deitou-se na areia quente de Piratininga. Seu biquíni amarelo com listras azuis. Seu cabelo escuro beirando pela testa uma parte dele. Olhou para duas crianças correndo ao seu lado. Pelo reflexo do sol, viu uma poça de água à sua frente. Miragem. Conhecia bem essas anexos da realidade. Miragens, alucinações, delírios. Cocaína mata.<br />Na tarde que o namorado de sua mãe chegou do trabalho, Daniela estava lavando a louça para sua mãe. O vestido preto que vestia, logo foi levantado pelas mãos daquele homem que ela aprendeu a detestar.<br />__ To te querendo__ a voz daquele vendedor de planos de saúde entravam pelos seus ouvidos.<br />Daniela ofereceu o seu almoço. Macarrão ao molho branco e suco de pêssego. Para a sobremesa já tinha avisado.<br />__ Pudim de morango.<br />A cada garfada o olhar de Daniela entrava no corpo daquele homem de um metro e oitenta de altura. Cabelos escuros com um pouco de prateado pelas laterais. <br />Ele com um mínimo de percepção e um último insith, ainda pediu pelos remédios que estavam no armário da cozinha. A crise veio muito forte. As dores no peito pareciam garras que lhe queriam arrancar o coração. <br />Eram as garras da Daniela, que há um mês atrás conseguiu uma droga que fazia efeito contrário a todas medicações que ele tomava para prevenir o infarto. <br />Daniela chorou no enterro para as pessoas. Sorriu para si. A cocaína mata e Daniela também. Conseguiu toda a medicação com um rapaz que trabalhava em um laboratório e que também era viciado em cocaína. Trocou sexo e cocaína por uns comprimidos. <br />O sol apertava mais forte. Ela puxou a canga que a defendia da areia quente. Colou a mini vestido. Perceptiva nas ondas que batiam e voltavam, que não se entregavam a fortaleza da praia. Decidiu-se não abusar mais de si. Lutou. <br />Daniela entrou para o NA perto de sua casa. E hoje já faz dois meses que ela não se encontra com Neves.Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-1996868433632443102009-12-06T04:27:00.000-08:002009-12-06T04:30:37.689-08:00Só Dói Quando Rio<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/Sxujrj8ljiI/AAAAAAAAAHY/BCdZpv5F_Zs/s1600-h/BrunoB27.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 236px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/Sxujrj8ljiI/AAAAAAAAAHY/BCdZpv5F_Zs/s320/BrunoB27.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5412099345994845730" /></a>Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-72616671768358117352009-11-27T11:06:00.000-08:002009-11-27T11:08:17.288-08:00A Carta<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SxAjk7zv4CI/AAAAAAAAAHQ/XYW6QlFE95E/s1600/BrunoB24.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 249px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SxAjk7zv4CI/AAAAAAAAAHQ/XYW6QlFE95E/s320/BrunoB24.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5408862269908967458" /></a><br /> <br /><br /><br /><br /><br /> Álvaro Neto segurava aquela pequena folha de caderno sem saber como a entregar. Suas linhas tortas, de caneta preta. Manchada na parte final, meio amassada, como se alguém tivesse pensado em jogar o papel fora.<br /> Entrou na emergência uma jovem de aproximadamente vinte e oito anos. Seus olhos fechados, desligados de todo ambiente eram abertos pelos plantonistas que estavam naquele momento na sala de trauma, daquele pequeno hospital, daquela pequena cidade.<br /> Toda atenção da equipe voltou-se a jovem, quando alguém que a acompanhava, disse:<br /> __ Eu achei esse vidro de chumbinho do lado do corpo dela.<br /> Ao monitor uma linha com um traçado irregular circundava todo o perímetro da parte central. No canto esquerdo cinquenta e cinco era o batimento cardíaco.<br /> __ Saturação de sessenta__ disse alguém que configurava o monitor.<br /> __ Isso não é bom__ disse alguém no fundo da sala.<br /> A concentração de oxigênio estava baixando. As miofasciculações começavam a desenrolar pelo seu corpo, tremores como choques elétricos incontroláveis. A diarréia vinha confirmando.<br /> __ Foi real mesmo!<br /> Algumas pessoas entram nas salas de emergências com histórias de ingestão de chumbinho. Param equipes, fazendo-as perder tempo, quando na verdade o que a pessoa queria era chamar atenção. Não ingere nada do chumbinho.<br /> Ela estava jogada no sofá. Pegou um copo de água que estava na cabeceira. Ligou a televisão.<br /> __ O mercado financeiro em alta, especula-se...__ trocou de canal!<br /> __ Chega essa semana no litoral, uma tempestade de grau cin..__ Preferiu desligar a televisão.<br /> Subiu para o quarto. Quantas coisas passavam pela sua cabeça. Ela querendo desvencilhar-se de tudo que tanto a incomodava. Impossível. Pareciam vozes que não paravam de gritar um instante em sua mente.<br /> “acabou...acabou”<br /> Sozinha, tenta colocar a cabeça contra o travesseiro. Desliga as luzes do quarto. Tenta ligar o som e não consegue. Pega uma caneta, gira o corpo e rasga uma folha de um caderno velho que ficava sempre em baixo da cama.<br /> “__ Você acumula esses cadernos velhos cheios de rabisques em baixo da cama para quê?”__ lembrou do que sua mãe sempre dizia quando via aquele velho caderno.<br /> “Queridos pais. Não sei o que acontece comigo. Tenho tudo que poderia ter. Preciso me desligar de tudo isso.Não quero choro. Sorriam, agora sim estou feliz. Meu caminho traçado. Na verdade acordei foi hoje, talvez tivesse dormido de mal jeito, não sei. Mas o importante é que a vida é outra coisa do que isso aqui. Passou. Acabou. Regassou. Estrapolou.E ai de mim saber algo a mais do que eu sei. Possivelmente seria algo que deixasse em cabeceiras empoeirado como livros rasgados sem páginas finais.<br />Sou a estrela que está atrás do sol. Sou o artista sem arte. Sou o todo sem a parte<br />Acho que não sou ninguém. Deixei o cigarro aceso até a última ponta dele<br />Queimou o colchão e permaneci intacto até o momento de atender o telefone. Mudei de lado, não sei, não percebi. Só sei que morri. Só sei que não percebi. Só sei que deixei de saber. Só sei que morri quando passei a viver. Hoje encontro um reflexo de algo que poderiam deixar em um vidro completo por formol.Deixaram-me em uma caixa em baixo da pia da área da piscina. Quando abri, não era para mim.”<br /> Álvaro Neto segurava aquela carta que estava dentro do bolso da calça daquela jovem. Tanta vida pela frente. Seus pais atordoados, não conseguiam ler a carta. Agarravam-se em um sinal de desespero.<br /> __ E agora?__ dizia o pai.<br /> O corpo foi levado para o IML. A carta foi junto com os pais. Álvaro Neto apenas não entendeu o sorriso no rosto daquela jovem no seu último segundo de vida.Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-15676611016056372042009-11-27T10:59:00.000-08:002009-11-27T11:06:04.242-08:00Só Dói Quando Rio<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SxAjDlci4kI/AAAAAAAAAHI/HqWuw4fhTjQ/s1600/BrunoB25.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 242px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SxAjDlci4kI/AAAAAAAAAHI/HqWuw4fhTjQ/s320/BrunoB25.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5408861696970383938" /></a>Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-82260021787330358552009-11-20T10:59:00.000-08:002009-11-20T11:05:09.249-08:00O eterno aprendiz<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SwboLhKRRAI/AAAAAAAAAHA/qThv0JxjHIU/s1600/Brunob23.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 201px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SwboLhKRRAI/AAAAAAAAAHA/qThv0JxjHIU/s320/Brunob23.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5406263687282508802" /></a><br /> <br /><br /><br /><br /><br /> A maca estava perto da porta c da emergência. Sua saída dava-se ao pátio externo. Constituído de banco, a biblioteca e uma banca de jornal. <br />Álvaro Neto aproximava-se daquele jovem com aproximadamente 21 anos. Pele clara, olhos claros e um olhar triste. Na verdade, o rapaz negava-se a si mesmo estar ali. Esperava algo a mais da vida, que talvez não fosse ter mais.<br />Seu joelho esquerdo tinha sido vítima de um tiro de fuzil, que fora disparado do alto de uma laje de uma favela da zona norte do Rio de Janeiro. O tiro saiu de um fuzil militar. De um soldado da polícia militar em uma incursão nessa favela.<br />Com um orifício que dava para entrar uma mão inteira no seu joelho, o rapaz ainda teve força para correr por entre vielas com sua 9 milímetros e ainda tentar acertar dando o troco do seu prejuízo. <br />__ Perdeu!__ disse o policial apertando o fuzil contra sua cabeça, logo depois que o jovem caiu no chão.<br />Chegou no hospital e foi direto para a cirurgia e depois estava entregue nessa demorada e dolorosa recuperação. Já tinha decorado o que todos lhe diziam:<br />“ você sabe que seu joelho não vai ser a mesma coisa, talvez não conseguirá andar sem muletas”.<br />O joelho é a sustentação do corpo. Algo desprovido de beleza, que muitas vezes é comparado ao rosto de criança quando nasce. Joelho a base de sustentação do corpo.<br />__ Bom dia..<br />__ Bom dia<br />__ Meu nome é Álvaro, vim fazer seu curativo.<br />Os dois começaram a ter uma conversa bem monossilábica. Baseada no sim, não e talvez.<br />__ Você esta sentindo dor?<br />__ Não.<br />Ora era o rapaz que perguntava:<br />__ Vou conseguir me recuperar rápido?<br />__ Talvez.<br />E aos poucos começavam amadurecer uma conversa de verdade. Álvaro começou bem simples. Olhou para aquela algema que prendia seu braço a maca.<br />__ O que aconteceu?<br />__ Tiro.<br />__Isso eu sei... mas como desenrolou?<br />O rapaz contou passo a passo. Desde a comitiva recepcionista que dera à polícia até o momento que tinha caído. <br />__ Na hora não doeu nada, consegui correr com minha perna pendurada.<br />Álvaro escutava e continuava a conversa com aquele bandido. Bandido mas ser humano. Álvaro não gostava de bandido. Acreditava e falava que bandido nunca teria misericórdia por ele ou por sua família. Sempre disse que se fosse para escolher, seria ele ou ele, nada de bandido. Mas aquele momento era diferente. Não era ele que naquele momento do seu exercício profissional iria virar as costas ou realizar algo com alguém, sem ao menos conversar. Escutar. Deixar o outro falar.<br />__ O que você é lá na sua comunidade?<br />__ sou o que?<br />__ É;..gerente..dono???<br />O rapaz riu, puxou o suco que estava no canto, esticou para Álvaro:<br />__ Abre para mim?__ deu um gole no suco de uva__ Sou nada. Sou apenas o cara que fica fazendo segurança. Não sei para que essa algema. Ninguém vai vir aqui me resgatar.<br />Por toda a conversa sempre ficava um policial de escolta.<br />__ Arrepende-se?<br />__ claro..ficar com a perna pendurada...é bem complicado.<br />O que deixava Álvaro bem curioso, era a ausência de gíria. Nada. Até ouvia-se um : “fi-lo” “A bala atingiu-me”.<br />__ Não pensa em sair daqui e mudar não? Acordar cedo pegar ônibus, ir pro trabalho..atender polícia, estudante, dentista...qualquer um..receber seu pagamento..ir parta casa. Poder sair de casa sem medo de carro que venha em seu sentido com as luzes piscando?<br />O rapaz olhou para Álvaro e disse bem baixo.<br />__ Agora? Olha como estou.<br />Álvaro ficou quieto. Deixou algo na mente daquele jovem. Ainda conversaram sobre legalização das drogas, futebol e emprego no país. <br />__ Pronto acabei.Qualquer coisa é só chamar.<br />__ Posso te pedir algo?<br />__ Pode!<br />__ Traz algo para eu ler.<br />Álvaro sorriu e deu as costas. Voltou depois de cinco minutos com um pequeno livro azul Tendo a certeza que aquele rapaz não iria lê-lo, deixou o dia correr em seu espaço, tempo e pessoa. <br />No final do plantão, Álvaro tendo que ir no banco, passou pelo rapaz e para sua surpresa, estava o rapaz virado para o lado da parede lendo o tal livro. Quem passasse pelo rapaz poderia ler o que estava escrito na capa.<br />“ Bíblia Sagrada”Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-70729178964758865572009-11-20T10:56:00.000-08:002009-11-20T10:58:23.676-08:00Só Dói Quando Rio<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SwbmvE5bvII/AAAAAAAAAG4/D0kwsA0IB2A/s1600/BrunoB22.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 227px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SwbmvE5bvII/AAAAAAAAAG4/D0kwsA0IB2A/s320/BrunoB22.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5406262099147734146" /></a>Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-1119548935800031732009-11-09T04:15:00.001-08:002009-11-09T04:21:40.298-08:00O Tiro Certo<a href="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SvgJTI_uGaI/AAAAAAAAAGw/R3BbBV8kgUQ/s1600-h/BrunoB21.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 220px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SvgJTI_uGaI/AAAAAAAAAGw/R3BbBV8kgUQ/s320/BrunoB21.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5402077977467820450" /></a><br /><br /><br /><br />Ele olhava para todos naquela pequena sala. Álvaro Neto, segurava seu braço apertando-o, em uma sensação de pulsação em seu pescoço mútuo. Segurava seus olhos, porque pareciam querer, por conta própria, fechar em uma força quase que impossível de suportar.<br /><br />Seguiu com os olhos o homem de jaleco impecável branco que circundava a sala, apoiava as mãos em uma pequena mesa, e abria um pacote de luvas. Apontou o dedo indicador para seu corpo em uma fração de segundos tentava colocar o dedo na junção das duas clavículas, no centro do seu peito.<br /><br />__ Porra como esses filhos da puta conseguiram acertar aqui. __ dizia o homem do jaleco branco.<br /><br />Há vários projéteis de arma de fogo. O fuzil, por exemplo, tem um pequeno furo no local de entrada e um outro imenso no local de saída. Já uma pistola, apesar de mortal não faz tanto estrago na saída. Mas em certos locais do corpo humano, ela é mortal.<br /><br />__ Cento cirúrgico..pode levar__ disse um dos médicos presentes.<br /><br />O residente da cirurgia de um lado e Álvaro Neto pelo outro lado, subiam com o sargento da PM baleado perto do pescoço, para o centro cirúrgico. O maqueiro foi na frente para chamar o elevador. Da pequena sala de trauma até o elevador são no máximo uns vinte metros.<br /><br />O elevador chegou, tinham duas pessoas dentro, e a maca não permitia que eles saíam e nem as pessoas no elevador, que a maca entrasse no elevador.<br /><br />Em uma fração de segundos. A cor branca do sargento e sua alma pareciam não estar mais ali. Álvaro Neto olhou para aquele corpo, com aquela roupa cinza e mergulhada no sangue vivo.<br /><br />__ Parou..volta...volta...<br /><br />Voltaram para a sala de trauma o sargento.<br /><br />Psvchein significa soprar em grego. Que também é uma palavra ambígua que no seu significado original era alento, que posteriormente sopro. Alento sendo uma das características da vida, a expressão psique ( psvchein), foi utilizada como expressão de alma. Do principio da vida. Mas desse caso, o final.<br /><br />No dia do casamento de sua filha de dezenove anos, aquele sargento de quarenta e cinco anos, estava segurando plantão para um amigo seu, que foi deixar um parente no aeroporto. Hoje foi dia de incursão em uma das favelas de um grande complexo de favelas do Rio de Janeiro. Um tiro entre ruelas da favela, atingiu aquela região tão frágil. Sua voz foi calada, seu olhar apagado. Mas seu ouvido ainda estava atento.<br /><br />__ Bisturi..rápido..<br /><br />__ Acerta ai..vai puxa...isso..bem abaixo da costela..isso..rasga..puxa...issooo.<br /><br />Um corte pelo lado esquerdo do corpo do sargento foi levado até o esterno, separando a caixa torácica em duas. Os coágulos pulavam. Sangue para todos os lugares. Uma importante artéria foi atingida. Aquele corpo aberto foi levado para o centro cirúrigo.<br /><br />Um dos cirurgiões apertou um dos pulmões que se reduziu a um saco de supermercado apertado, por causa do sangue do bife que pulava pelo chão da casa.<br /><br />__ Segura esse acesso..mais líquido..__ gritava o cirurgião completamente lavado de sangue, seu antigo branco tornou-se vermelho.<br /><br />Até o centro cirúrgico o seu alento subia. Uma das mãos apertava o pulmão para evitar a hemorragia. A outra massageava o coração. Massagem cardíaca interna. A mão do homem direto naquele órgão tão importante e tão frágil.<br /><br />Aquela bala tirou mais uma vida. Um homem de um metro e oitenta de altura. Duas filhas e uma festa de casamento esperavam-o.<br /><br />A polícia saiu do hospital com um sentimento de perda no coração. Todas as sirenes ligadas. E uma certeza na equipe, teríamos a volta deles. Não demorou muito é três corpos chegaram. Ambos cobertos de furos. É essa guerra entre a vida e a morte.Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-603785683307911872009-11-09T04:13:00.000-08:002009-11-09T04:15:23.199-08:00Só Dói Quando Rio<a href="http://3.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SvgHu22FORI/AAAAAAAAAGo/N8cyaHOWMdw/s1600-h/Bruno_B20.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 249px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SvgHu22FORI/AAAAAAAAAGo/N8cyaHOWMdw/s320/Bruno_B20.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5402076254608636178" /></a>Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-49722258855284221052009-07-25T09:35:00.001-07:002009-07-25T09:36:13.525-07:00Só dói quando Rio<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/Sms0b53p61I/AAAAAAAAAFU/kCRVhUf5gmg/s1600-h/Bruno++B+18.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 222px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/Sms0b53p61I/AAAAAAAAAFU/kCRVhUf5gmg/s320/Bruno++B+18.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362437435310074706" /></a>Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-57617655902929973622009-07-25T09:27:00.000-07:002009-07-25T09:32:02.775-07:00A Despedida<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/Smsy6S6CqzI/AAAAAAAAAFM/H1omGCbQGDY/s1600-h/Bruno+B+19.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 263px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/Smsy6S6CqzI/AAAAAAAAAFM/H1omGCbQGDY/s320/Bruno+B+19.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362435758403791666" /></a><br /><br /> Álvaro Neto sentia, já na entrada da rua, um clima com ar de tristeza. As pessoas em volta da ambulância verde, a espera de notícias. Um homem de jaleco branco fechava a porta lateral da ambulância e entrava prédio sem olhar para trás.<br /> Seguro que sua amiga, Ana Cláudia, estava naquela ambulância, Álvaro Neto foi parando o seu carro e ainda com seus pais dentro do veículo, correu para ver como ela se encontrava.<br /> Seu olhar se deparou com a mais triste de todas as imagens que ele já tinha presenciado. <br /> Ana Cláudia com seu olhar triste entregue na maca da ambulância tendo em seu braço esquerdo, a entrada de um jelco percorrido por um soro que estava pendurado na parte de cima da ambulância. Seu rosto coberto pela névoa da máscara de oxigênio e sua testa embebida das lágrimas de seu filho, Lucas de 13 anos. Suas mãos juntas, quase que unidas, mantinham-se na direção do coração de Ana Cláudia, parecendo que os dois tentavam transferir força um ao outro, mas que os dois pareciam saber que tudo isso seria em vão.<br /> Há mais ou menos três anos a trás, Ana sofreu um período de amnésia e ficou internada em um grande hospital para tratamento e diagnóstico do problema. Duas semanas depois, o problema já estava identificado: Tumor cerebral, de mais ou menos do tamanho de uma azeitona.<br /> Aos poucos, Ana Cláudia tinha que voltar ao hospital. Em um último exame, tinha vestígio do tumor em mais dois lugares: Fígado e Estômago. <br /> Álvaro Neto mal conseguia entender o teor daquele momento. Mãe e filho em uma despedida silenciosa. Poderiam ter falado tantas coisas. Tantos momentos. Várias lembranças. Risos ou choros. Mas apenas o olhar era o presencial dos dois. Sentiam mais do que falavam. Estavam ali, frente a frente. Um passo a não se verem mais.<br /> Ana Cláudia foi transferida para um hospital particular e dois dias depois veio a falecer.<br /> Essa cena foi mais uma facada nos sentimentos de Álvaro Neto com toda essas cenas de mortes, dor e desespero. Para que não vive essa vida, aquela cena foi apenas uma despedida. Para Álvaro Neto foi uma aviso: Essa vida não te pertence.<br /> Ele precisava sair de qualquer maneira desse mundo de sangue, dor e despedidas.Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-14244652017803020932009-06-13T07:53:00.000-07:002009-11-04T07:06:43.568-08:00A Escolha de Manoela<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SjO-aTeuuMI/AAAAAAAAAE0/S7LyUnhVo3Q/s1600-h/Bruno+B14.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 247px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/SjO-aTeuuMI/AAAAAAAAAE0/S7LyUnhVo3Q/s320/Bruno+B14.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5346826541733951682" /></a><br /><br /> A música alta quase que ensurdecedora trazia uma margem de prazer. As luzes que giravam m por toda a parte do ambiente, mudando de cores a todo instante. Os olhos ora roxo ora brancos, traduziam o espírito do lugar.<br /> Pessoas vindo e voltando. Girando e pulando. Umas sozinhas e outras em grupos. Aquele ambiente fechado.<br /> Seguranças caminhando com seus ternos pretos olhando em direção aos grupos, espalhavam o sensor da procura do algo errado.<br /> O cheiro de cigarro misturava-se ao do álcool. A rede de prostituição espalha sexo e doenças. As drogas são passadas de mão em mão. Enquanto os pais estão deitados em suas camas em baixo dos cobertores,os traficantes estão abraçando os seus filhos. <br /> Quase crianças pulando sem direção e sem olhar definido. As mãos para o alto apontando para os canhões de luzes que espalham adrenalina junto com o chão que treme a cada batida. O suor das pessoas que passam não incomodam quando permanecem na madrugada nesse ambiente rico de desejo e sensualidade. <br /> O poder de sentir-se superior. De ter a sensação de poder com tudo, faz com que as pessoas percam o medo.<br /> E o medo é o regulador da dor. Da perda. Da morte.<br /> As boates e as raves são os pontos de encontro. A prostituição, a droga e a vontade de se libertar levam milhões de jovens a um mundo sem volta. Gravidez indesejada, doenças incuráveis, vícios e acidentes por culpa do álcool e de outras coisas mais.<br /> Foi assim que Álvaro Neto conheceu Manoela, não em um lugar desses mas sim em um enfermaria, de um hospital universitário. Mas especificamente : Setor de Doenças Infecto Contagiosas.<br /> Manoela recebeu do pai um belo carro de presente por ter passado no vestibular. Aos dezenove estava com carro nas mãos e passe livre nas boates. Viciada em cocaína desde os quinze anos não perdia uma noitada.<br /> A noite começava quente. Cerveja, cocaína e ecxtase. Conhecia sempre lindos rapazes perfeitos. Manteve relações com vários pelas noites a fora. Não mantinha a clareza do que estava acontecendo mas seus sentidos afloravam-se a cada toque, a cada olhar a cada gosto. <br /> Ninguém tem a nítida noção do que é isso tudo que você está lendo. Loucura? Talvez sim, de se importar com quem agride o seu próprio ser colocando-se de ponta cabeça ao abismo.<br /> Preservativo custa menos de 2 reais. Agora o tratamento que ela está passando. A dor que está sofrendo e a certeza que o HIV não tem cura.<br /> Onde estão as luzes? Onde está a música? Manoela está internada há dois meses. Álvaro presenciou suas últimas horas de lucidez. <br /> Certa noite a ambulância chegava no hospital levando aquele corpo. Manoela fez a escolha de mutilar seus sentidos. Manoela entregara-se a morte!<br /> Manoela morreu aos vinte anos. Vítimas de complicações de uma infecção no pulmão.<br /> A sociedade prepara o crime, mas é o ser humano que comete. As pessoas deveriam ajudar as outras. Mas muitas vezes parece que elas estão ali para prejudicar. Atrapalhar. <br /> Manoela morreu pelo crime de sua estupidez. Manoela poderia estar ai lendo a sua história. Cuidado com suas escolhas!Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-66790272283814857962009-05-23T10:44:00.000-07:002009-05-23T10:53:15.816-07:00A Cegonha<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/Shg2xDZDAaI/AAAAAAAAAEo/OIsA0fXpMfA/s1600-h/Bruno+B16.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 251px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/Shg2xDZDAaI/AAAAAAAAAEo/OIsA0fXpMfA/s320/Bruno+B16.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5339077574599573922" /></a><br /><br /> Muitas coisas acontecem e nem sabemos que acontecem.<br /> Você sabe o que é um aborto? Já viu? Sabe as maneiras que podem ser feitas? <br /> O aborto é o ato da retirada do feto ou embrião até vinte e duas semanas de gestação. Após esse período <br />é homicídio. Ainda mais quando as duas garras em formas de um grande garfo penetram o útero tão protegido e como dois policiais com mandado de busca e apreensão agarram a cabeça da criança e retiram-o já morto ou agonizando.<br /> A luta pela vida em uma tentativa frustrada. O mais fraco perdendo para o mais forte. Quem goza mata. <br /> Quem gera oprime. Quem oprime mata. Quem mata merece morrer.<br /> Natália olhou para a luz que descia do elevador, várias partes iguais. Uma a uma. <br /> Sua menina no colo ainda sem nome, sem pai e sem destino. Caminhavam juntas por nove meses. Um ato cirúrgico a retirou de dentro e a colocou nas garras de um ser destrutível. O mundo.<br /> O livre arbítrio da vida permite monstros serem chamados de geradores de vida. Fábricas de corpos que irão progredir em latões de lixos, caçambas de entulhos ou poços artesianos.<br /> __ Um cigarro, por favor!<br /> __ Tem 20 centavos?<br /> Natália acendeu seu cigarro e caminhou em direção ao estacionamento. <br /> Aos 2 meses de gestação tentou aborto com remédios caseiros. Com 4 meses de gestação tentou talo de mamão,<br /> fazendo movimentos penetrantes, quando sangrou até sair um imenso coágulo, pensou :<br /> __ Estou livre!<br /> Errou! Aos 5 meses tentou aborto em uma clínica, mas seu fraco poder económico não tinha dinheiro nem para<br />a passagem do ónibus.<br /> A criança nasceu e agora estava sendo enrolada em uma sacola de supermercado. Seu futuro era certo. Nada mais podia segurar a fúria encolhida de um ser como Natália.<br /> Deixou o cigarro cair. Abaixou e deixou a sacola em baixo da roda de um caminhão de mudanças.<br /> Saiu sem olhar para trás, sinal que pudesse demonstrar um pouco de ressentimento. <br /> O motorista logo depois entrou pela porta. Estava atrasado. Engatou a chave na ignição. Girou e nada.<br /> __ Não acredito..que essa geringonça não vai funcionar..??<br /> Tentou, tentou e tentou e nada.<br /> Saltou do carro. Girou o corpo e encostou em uma sacola verde que estava em baixo da roda esquerda. Ouviu um gemido.<br /> __ O que é isso?<br /> Seu olhar de surpreso misturou-se com uma alegria. Olhou para o lado e não viu ninguém. Sentou na calçada e chorou abraçado com aquela linda menina de olhos azuis.<br /> Raquel, hoje, com 4 anos é a única filha do casal António e Paula. Paula teve que ser operada aos 19 anos.Fez umas histerectomia que é a retirada do útero, devido a um tumor.<br /> O dom que ela não tinha outra teve não aproveitou. Os dois sonhavam em ter um filho. E Raquel foi dada de presente.<br /> O amor não se acha. Se constrói.<br /> Raquel é excessão em tantas atrocidades que acontecem. Crianças que são ejetadas do útero diretas no vaso sanitário e ainda são vistas pelas suas genitoras, descendo rodando para a morte. Agonizam até seus pulmões encharcarem de água.<br /> Crianças que são cortadas ao meio pelas lâminas afiadas das pinças que penetram no útero e arrancam a vida em construção.<br /> É o homem em luta com a vida. É o homem em luta com Deus.<br /> Você daria descarga em uma privada, nela contendo seu bebê ainda com vida? Você daria a luz e colocaria seu filho debaixo da roda de um caminhão, coberto por um saco plástico?<br /> Não? Muitas pessoas fazem isso!<br /> Não seja o próximo!Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6721409299693419071.post-16423853602992923292009-05-23T09:47:00.000-07:002009-05-23T10:02:57.643-07:00SÓ DOI QUANDO RIO<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/Shgr6x2zm9I/AAAAAAAAAEg/-6INnvCAQ_c/s1600-h/Bruno++B+12.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 206px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_GXNuGLLtiuY/Shgr6x2zm9I/AAAAAAAAAEg/-6INnvCAQ_c/s320/Bruno++B+12.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5339065647063342034" /></a>Bruno Rollemberghttp://www.blogger.com/profile/07336140967493258352noreply@blogger.com0