sábado, 21 de fevereiro de 2009

Acidente Na Lagoa


A voz metálica entrava no quarto.
__ 04 na escuta.
A equipe entregue ao cansaço, tentava achar o rádio comunicador para atender o chamado.
__ Na escuta.
__ Por favor, prioridade a este atendimento. É uma máxima.
"MÁXIMA". Palavra que significava um atendimento de grande urgência. Risco de vida iminente.
A equipe toda levantou-se em um ritmo único. Álvaro Neto estava começando na equipe. Atendimentos de urgência em uma ambulância
trouxeram muitas experiências à Álvaro Neto.
__ Vambora vambora__ dizia Álvaro Neto já indo para a ambulância.
A equipe já tinha pego com a regulação o endereço do atendimento. Lagoa Rodrigo de Freitas. Ao fundo a árvore de natal. Na pista um acidente
grave com feridos no local.
A ambulância chegou em cinco minutos pela proximidade da base ao local do acidente. Chegando perto, luzes do carro da polícia giravam de
encontro ao da ambulância e pessoas às duas da manhã acompanhavam esse resgate.
__ To descendo_ disse Álvaro Neto saindo da ambulância,com as luvas já vestidas.
A médica veio junto trazendo duas maletas. Enquanto o condutor colocava a ambulância em uma posição estratégica, a médica e Álvaro Neto
chegavam perto do atendimento.
__ Que merda__ disse Álvaro chegando perto do acidente.
Um vectra colidiu de frente com uma fiorino. As duas frentes pareciam uma única coisa. O motorista estava preso dentro do painel. Seus
braços foram subtraídos por uma força mecânica da batida. O motorista da fiorino foi jogadado quatro metros longe do acidente. Uma viatura
do corpo de bombeiros já tinha levado uma vítima do acidente para o hospital Miguel Couto.
__ Olha aqui Álvaro__ disse a médica chegando perto de outra viatuira dos bombeiros.
Álvaro olha aquele corpo pequeno, de uma criana de dez anos, quase que irreconhecível em um banco da viatura dos bombeiros. Os braços
fraturados estavam quase unidos nas pernas. Um orifício
no abdome da criança mostrava alguns orgãos. Logo embaixo do banco uma criança com a perna direita fraturada chorando muito.
__ Calma!__disse Álvaro segurando na mão da criança, quue em virtude da dor não conseguia entender nada.
Agora o que fazer? Em uma situação de estresse intenso. choro, sangue e dor unidos em um acidente que poderia ser evitado.
A equipe 04 dirigiu-se ao ocupante do vectra que estava no banco de trás. Uma lesão clara na clavícula e várias lesóes pelo corpo. Sangue
que escorria pelo rosto e um choro quase que desesperador desse ocupante.
A equipe mobilizou e conduziu à viatura. Todos os cuidados foram prestados na mais rigorosa técnica possível.
A equipe chegou no Miguel Couto e ficaram aguardando neurocirurgião sair da cirurgia para ser avaliado. Enquanto isso Álvaro e a equipe
souberam o que aconteceu um tempo antes do acidente.
Armando, chamou o pai para dar um passeio pela cidade. Iriam ao teatro e depois passear com seu filho e seu sobrinho pela orla. No caminho de
volta, O pai de Armando pediu para pegar na direção, porque Armando estava cansado e poderia dormir no volante. Com isso o pai de Armando,
acostumado a dirigir em alta velocidade, fez ultrapassagens perigosas, em até que uma não controlou o carro e foi de frente com a fiorino.
Ele ficou preso nas ferragens e vai ser difícil para a equipe dos Bombeiros serparar o painel do veículo, o volante e o corpo do seu pai.
O seu filho estava morto no banco do veículo dos bombeiros. No momento do acidente, ele estava no banco de trás e voou em direção ao painel.
Seu sobrinho gravemente lesionado. Sua atual namorada tinha sido transferida também com uma lesão pulmonar grave.
__ Álvaro que merda__ falou em voz baixa a médica à álvaro.
Nesse meio tempo chegou na emergência a ex mulher de Armando, e ao saber da morte do seu filho, o desepero tomou conta daquela mulher.
Seus gritos de choro eram escutados por todo o Rio de Janeiro. Suas lágrimas pareciam de sangue, igual ao do seu filho jogado lá naquele carro
dos bombeiros.
Álvaro sentiu uma dor estranha dentro de si. Chorou. Aquela cena iria ficar marcada na sua mente para o resto da sua vida. Na volta à base,
ele tentou fechar os olhos e dormir, mas só escutava aquela voz da mãe desesperada e a cena da criança em pedaços no banco da ammbulância.
Mais uma dor que ficaria no coração de Álvaro Neto. Mais uma cena desse inferno chamado emergência

Pamé

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