sábado, 14 de março de 2009

O Tiro De 22


Paulo esperava por sua amiga de infância Júlia. Há tempos pensavam em fazer uma viagem juntos pelo litoral do Brasil.Essa amizade dava inveja a quem quer que fosse.
Cresceram ouvindo legião urbana, U2 e curtiram seus tempos de funk, forró e até o bambolê. Arriscaram nos cigarros e experimentaram o álcool e a maconha juntos.
Participaram de movimentos desde a escola até na universidade. Júlia era mais inteligente do que Paulo. Mas os dois tinham uma relação tão próxima que muitos achavam que os dois tinham que ficar juntos. Casar. Mas a relação era somente de amizade. Somente não.
Era amizade, que é o sentimento mais importante que deve haver entre duas pessoas.
Júlia vinha com seu vestido branco longo. Seu sapato alto aumentando ainda mais seu tamanho. Seus cabelos castanhos eram
empurrados pelo vento manso que aquela noite produzia. Seu perfume roubava o aroma de todos que mantinham aquele ambiente. Seus olhos fixos
em Paulo levantavam o seu corpo e uniam-se em um abraço forte.
Os dois sentaram. Conversaram por um longo tempo. Colocaram os papos em dia. Outro amigo de Paulo deixou uma bolsa com um
22 calibre curto. Era de um primo que ele deveria entregar.
__ Alô__ o telefone de Júlia tocou__ pode falar__ sua voz doce agora era dividida com a outra pessoa do outro lado do telefone
Enquanto Júlia atendia o telefone, Paulo começou a olhar o 22. Suas mãos passaram no por seu corpo escuro e deixou o dedo
no gatilho enferrujado. Por um período menor que um piscar de olhos, um deslize fez o dedo indicador escorregar no gatilho e um estouro
seco ouviu-se naquela tranquila noite.
Paulo olhou pro lado meio ainda com um sorriso pelo susto, quando viu Júlia caindo no chão. O único tiro do deslize atingiu a têmpora de Júlia arremessando o celular longe e seu corpo aos pés de Paulo.
O sangue vermelho vivo vinha em direção à Paulo. Seus olhos quase que dobraram de tamanho. Sua imensa reação de desespero foi
tornando-se um sequência de reações indescritíveis.
As pessoas que estavam ao redor correram para tentar ajudar Júlia, mas em vão não conseguiam nem um último suspiro. Morte
instantânea. Quando todos ouviram os cliques secos do 22.
__ Nenhuma bala....nenhuma bala.__ dizia ele com o 22 encostado em sua cabeça.
Os gritos de horror de Paulo contracenavam com as tentativas inúteis de acabar com sua vida. O 22 só tinha uma bala,
e as tentativas de suicídio de Paulo com o cano do 22 encostado na sua cabeça eram inúteis.
Qual o sentimento de Paulo? O que dizer disso tudo?

Um comentário:

  1. sentimento do paulo? raiva por ter feito aquilo? dor de perder a amiga? sinceramente nao sei...
    essa historia serviu para nos mostrar o quanto é importante aproveitar cada segundo da vida e ao lado das pessoas que gostamos... pq no proximo segundo podemos nao estar mais perto dela... essa é a vida! nao sei se felizmente ou infelizmente =\

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