segunda-feira, 18 de maio de 2009

Dez "Real"




A exaustão tomava conta do corpo de Álvaro Neto. O suor seco corria pelo corpo até o encontro do chuveiro. A água quente dava uma trégua em toda a adrenalina.
Ele tinha um tempo para dormir. Ele aproveitou esse tempo para dormir. Ele deitou eram 9h da manhã. Acordou às 10h quando o rádio despertou seu sono.
__ 04 na escuta!
A voz metálica fez seus olhos abrirem. Ele estava em outro lugar.
***
A pena de pavão no cabelo e a fumaça do cigarro, davam o ar de uma rebeldia. Uma linda rebeldia.
Cíntia com sua estatura alta, centrípeta com o copo de vinho em uma das mãos, torneada com cabelos bem tratados a pegar a luz do sol. Corpo moreno e olhos verdes. Esbelta de tirar o fôlego de quem visse.
A beira dágua, os peixes comiam os pedaços de pão que eram lançados. Do deque de madeira clara, um barman abaixava-se.
__ Sua coca senhor.
Álvaro suportava o calor forte com uma coca bem gelada.
__ Gelo e limão, por favor!
A mão da linda morena nos ombros de Álvaro. Seu cansaço contínuo era abrasado pelo afago da linda mulher.
__ Sabe o que eu não entendo Álvaro__ deu um gole no vinho__ esse seu jeito de pensar da vida. As coisas que você fala.
__ É mais fácil fechar os olhos do que ver as coisas que vemos Cíntia. Esse pavor dos sentimentos ergue nosso instinto de fuga.
Os olhos de Cíntia ficavam estáticos sempre quando Álvaro falava. Ela seguia suas ideias, mesmo que às vezes ela não concordasse. Ela o amava demais para saber algo contra alguma coisa que ele dissesse.
Álvaro fez algumas decisões que o levaram à lugares que ninguém pode voltar.
***

__ Na escuta__ Disse o condutor
__ A solicitação de atendimento é de uma paciente psiquiátrica que esta criando briga.
__ Anota ai o endereço__ disse o condutor para Álvaro, sem tocar o botão do rádio.
A ambulância saiu para o atendimento. Álvaro com sono ia na parte de trás da ambulância. O médico, um rapaz novo sem muita experiência, tinha a fama de sempre enrolar em todas as saídas. Ninguém gostava de trabalhar no seu plantão.
__ É por aqui!__disse o condutor.

__ Mas eu não to vendo nada de estranho__ disse o médico.
__ Isso que é estranho, não ter nada acontecendo nesse inferno de Rio de Janeiro__ disse Álvaro lá de trás com a voz rouca de sono sem saber o que eles estavam procurando.
__ Pera ai..pera..ali ali.. uma mulher gritando na portaria do prédio__ disse o médico.
__ Po camarada..podia ter dado última forma no evento e a gente voltava pra base..” Central..Central.. foi trote”__ disse Álvaro
__ Calma Álvaro!
Os três saltaram da ambulância.
__ Boa tarde__ disse o médico__ quem chamou o resgate?
A mulher e o homem que estavam discutindo olharam um para o outro.
__ Filho da puta__ disse a mulher aos berros apontando o dedo entre as grades do portão do prédio para o porteiro.
__ Eu?tá doida__ disse o porteiro com os braços cruzados.
O médico entrou na discussão, enquanto Álvaro sentava na calçada e colocava as cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos no queixo.
__ Gente..o que está havendo aqui?
__ Havendo doutor..? é que esse filho da puta me contratou ontem e não quer me pagar os meus 10 real...me usou e abusou e agora não quer pagar os serviço.
Álvaro olhou para trás, colocou a cabeça dentro do macacão e riu. Olhou para o condutor que não conseguia disfarçar os risos.
__ Calma gente..vocês não podem discutir assim
__ Calma o que??? Quero meus 10 real!!
A confusão instalada. Um paga e não paga. E ficaram ali por quase meia hora.
O médico teve a coragem de passar um rádio para a regulação falando sobre o evento.
__ Eu fiz com que o porteiro desse 8 reais para a prostituta. Ela aceitou e foi embora__ disse o médico para a central.
Álvaro passou o dia todo dizendo:
__ Quero meus 10 real!
A confusão acabou com o porteiro subindo, e a prostituta indo procurar seus devedores. A família do porteiro estava dentro do quarto dos fundos esperando a confusão acabar para sair.
Mas tudo isso é bem difícil de acreditar!
Vocês acreditam nisso?
Foi tudo muito engraçado e real!

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